Muitas famílias fazem questão de ter um animal de estimação em casa, mas, às vezes, mesmo sem querer, alguns bichos acabam fazendo parte do nosso dia a dia. São aqueles animais que, mesmo morando nas ruas, estão sempre no mesmo lugar e as pessoas se acostumam com eles, se afeiçoam e começam a cuidar.
O que muita gente não sabe é que existe uma lei que permite uma “adoção comunitária”, uma forma de proteger e cuidar dos animais que vivem nas ruas. O primeiro cão comunitário de Mogi das Cruzes foi adotado por moradores de um condomínio.
Dócil e brincalhão, como a maioria dos cachorros, Jarbas Caramelo adora um carinho. “Quando saíamos, encontrávamos com ele e sempre muito carinhoso. Sempre brincando, fazendo festa e a gente via que não oferecia nenhum perigo. Sabemos também que ele está aqui desde a construção do condomínio, sendo tratado inclusive na época pelos pedreiros. É o morador mais antigo daqui, ele tem o direito de estar aqui”, conta o morador Osmar Molina Teles, advogado.
“Até por conta da pelagem dele, adotamos o nome caramelo. Aí ficou Jarbas Caramelo, porque ele já tinha o nome antes disso. Os porteiros, os prestadores de serviço, todos conhecem a história dele”, conta Sandra Aparecida Monteiro, que também mora no prédio e é advogada.
Osmar e Sandra queriam mais e resolveram entrar com um pedido oficial de adoção comunitária. Pouca gente sabe que existe uma lei estadual criada em 2008 que formaliza este tipo de adoção e protege os cachorros que vivem nas ruas. Foi aí que Jarbas Caramelo ganhou registro e além disso entrou para a história da cidade como o primeiro cão comunitário de Mogi das Cruzes. “É simples. Vai fazer uma solicitação junto à Prefeitura pedindo que o cão seja transformado num cão comunitário. Demorou apenas 20 dias”, explica Alexandre.
Hoje ele tem uma casa e tem um microchip. “Temos obrigações. Temos o ônus de alimentá-lo, que pra nós não é um ônus, é um prazer. Hoje ele está castrado, vacinado, ou seja, não oferece qualquer tipo de perigo para as pessoas”, conta Sandra.
Caramelo não perdeu a liberdade, nenhuma coleira foi colocada no cão. Sua presença traz alegria aos adultos e, especialmente, às crianças. “Quando eu chego ele vai na porta aí ele me segue até o portão”, conta o menino Ronaldo Lima Barroso, de 7 anos.
Formalização
O veterinário Eduardo Kenji Odani Sigahi, do Centro de Controle de Zoonoses de Mogi das Cruzes, explica que para formalizar o animal épreciso procurar o órgão, que vai avaliar se o cão é dócil, se não vai agredir ninguém. “Um veterinário da Prefeitura precisa avaliar o local, se é adequado para ter cão comunitário. Ele precisa fricar longe de vias com alto fluxo de veículos e de pessoas.” Então é feito um registro e o microchip serve para identificar quem é responsável pelo animal.
Mascote dos taxistas
Basta andar um pouco pela cidade para encontrar cachorros soltos pelas ruas, sendo que muitos são tratados e bem cuidados. Em Mogi das Cruzes, há dois cães que são os xodós dos taxistas da rodoviária da cidade. Mas não é nada oficial, os bichos nunca foram registrados e os taxistas nem conhecem a lei da posse responsável. O carinho é o mesmo oferecido aos animais de estimação criados em casa.
“O amarelo a gente chama de Yellow e a outra cadela é a Preta. Quem deu o nome foram os taxistas. Já tem quase um ano que eles estão aí e a gente vai alimentando, o pessoal da manhã cuida e da noite também. Acho que eles não vão embora tão cedo”, conta o taxista Rafael Campos.
Fonte: G1